Os militares na Diocese das Forças Armadas e de Segurança de Portugal desejam que os seus capelães desenvolvam um trabalho mais “quotidiano” e não apenas nas “missões de serviço”. Outro pedido dos quase mil militares que responderam à consulta sinodal promovida por esta diocese foi “acolhimento para todos”, evitando “prepotência, indiferença e hierarquização da Igreja”.
A Diocese das Forças Armadas e de Segurança de Portugal realizou este inquérito com o objetivo de também responder ao pedido de participação do Papa Francisco. “Assim também nós, como Igreja que somos, ainda que num ambiente muito específico como este das Forças Armadas e de Segurança, quisemos contribuir para entender este diálogo e reflexão escutando e acolhendo as impressões, testemunhos e dados referentes à essencialidade da Igreja, na comunhão, participação e missão”, refere o major Leonel Castro, coordenador da equipa sinodal, em declarações à Comissão de Comunicação do Sínodo.
A Equipa Sinodal da Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança lançou o inquérito em fevereiro de 2022. Participaram cerca de mil militares. “Num ambiente tão diverso como o nosso, com grande diversidade de opiniões e vivências de vários patamares sociais e culturais, a avaliação que faço deste trabalho é muito positiva, e podemos ver isso no contributo que 958 militares deram ao contribuir na reflexão e estudo”, conclui Leonel Castro.
Leonel Castro sublinha que os inquéritos foram respondidos “com maior incidência nos ramos da Força Aérea, e que a faixa etária mais representativa se situa entre os 36 e os 50 anos, com a percentagem de respostas centrada nos homens”.
Os resultados “manifestaram a necessidade de rejuvenescer o grupo de participantes nas atividades da capelania”, a importância de “acolher todos, independentemente de quem seja” e, em termos de formação humana, “a importância da realização de “ações de formação, atividades de voluntariado e outros eventos que sejam importantes para criar um espírito solidário”.
As conclusões apresentadas, também divulgadas junto da comunicação social, referem uma “desilusão implícita” sobre o “papel da Igreja hoje na sociedade”, de “escândalos” que “proporcionam esta desilusão” e uma “apatia” entre a comunidade militar, “com um grande número de não praticantes sem participação nos sacramentos”.
Rui Valério, bispo da Diocese das Forças Armadas e de Segurança de Portugal, também partilha a sua perspetiva sobre este inquérito, cujos resultados estão disponibilizados na íntegra no website oficial: “Diga-se, em jeito de partilha, que se, por um lado, notamos nas pessoas uma sede de participar – desejo encontrado também em pessoas que estão afastadas de uma vivência cristã ativa – , por outro lado – aspeto relevante – houve um processo motivacional em cadeia, ou seja, quem participava, depois, motivava outros a fazê-lo também. E isso foi belo de se verificar, porque é, em si mesmo, um ato sinodal muito profundo, uma vez que foi a nível motivacional; e hoje é tão importante que sejamos capazes de contagiar com a nossa alegria e suscitar alegria, contagiar com a nossa motivação e gerar motivação, contagiar com a nossa fé e ajudar as irmãs e os irmão a aderir a Cristo. Isto é caminhar juntos”.
O bispo português também contextualizou em termos histórico o respeito dos militares para com a Igreja.
“No caso de Portugal, em concreto, desde a origem da nacionalidade que a presença da Igreja nas Forças Armadas é pacífica e que está estabelecida. A Igreja é relevante para o meio castrense e, como tal, tudo quanto lhe diz respeito diz respeito aos Militares. Existe, de facto, uma relação de respeito e consideração, diria mesmo familiar que explica esse interesse”, referiu.
Os resultados, em português: